O coração de um guereiro

Já não tinha mais vontade e escrever. Suas noites tristes, vagas e de insônia em sua solidão particular.
Não era mais o mesmo. Não estava perdido, não sentia mais nada. Apenas se calava.
Aquele rapaz, de olhos tão expressivos, de mente tão aberta, sempre compreensível, parecia abatido. Sua bondade havia o traído e seu bom coração sentia vontade de chorar.
Seus olhos não choravam. Com o tempo seu coração se calava. Havia morrido?
Ora, quem está morto não sente nada.
Ele sente raiva. Sente vontade de gritar, de esmurrar.
Um nó em sua garganta. Seu coração volta a chorar...
De que valia tanta bondade, tanta dedicação, tanta pureza em seu olhar, em seu coração?
Um pingo de raiva, outro de solidão...
O vazio... O silêncio... Havia morrido?
Ora, quem está morto não sente nada.
Lá fora, aos poucos tudo parecia voltar ao normal.
Já conseguia ouvir, ainda não conseguia falar. O tempo o curava, como uma ferida ganha num campo de batalha.
Cicatrizes... Dessa vez, uma imensa incisão.
Apenas se lembrava que o tal de Deus havia levado sua senhora.
Ele havia a convencido de entrar na mesa do cirurgião.
Outra vez, seu coração queria chorar. Mas, naquela manhã, ouviu seu coração cantar. Haviam pássaros ao seu redor.