sábado, 8 de agosto de 2009

O clarão


Na falta da fala
Na fala que cala
Quando digo sim
Quando digo não
Ao som do ouvido
Ao ouvido surdo
Onde tudo é tudo
E tudo é nada
No nada que vaga
Na vaga da escada
Em degraus que sobem
Degraus que descem
Coerência plena
Completa confusão
Um espaço aberto
O estreito corredor
O largo diáfano
O covil da escuridão
O clarão

Por Tchezar

* Ilustração: André Yamamoto

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Via Lactea

Aos meus leitores, desculpem-me pela ausência.
Prometo-lhes que em breve retornarei com as atividades normais aqui no blog. O trabalho anda exigindo boa parte do meu tempo e acabei não conseguindo voltar aqui, além do fato de, enfim, após bastante insistência de algumas pessoas, tomei coragem para dar início ao meu livro.
Então, por hora, deixo essa pequena homenagem a minha amada com seu poema predileto...



Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E ao vir do Sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado-amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Têm o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

("A Via Láctea" - Olavo Bilac)